sábado, 14 de abril de 2012

Os Músicos de Brêmen


Cena 1 Era uma vez um Burro que durante muitos anos trabalhou em um moinho, carregando cargas pesadíssimas para seu dono. Com o tempo, ele foi envelhecendo e perdendo as forças. E já não trabalhava como antes. Então, seu dono, percebendo que o Burrico já não lhe servia mais, resolveu que iria matá-lo e vender sua pele para ganhar mais um pouco de dinheiro. Cena 2 O Burro, sentindo que algo ruim ia lhe acontecer, resolveu fugir e pensou: "Vou para a cidade de Brêmen, lá ganharei a vida como Músico. Um Burro cantor deve fazer muito sucesso. Talvez me dê-em mais valor do que este meu dono ingrato e interesseiro." Cena 3 Pelo caminho, encontrou um cachorro muito maltratado, bufando de cansaço, pois parecia ter corrido muito. _Que é isso, meu amigo? Por que está assim, tão assustado e cansado? - Perguntou o burro. _Ai...Ai...Ai...Meu Dono quer acabar comigo, porque estou velho e não posso mais caçar. Já não tenho o faro de quando jovem e não sirvo para mais nada. Por isso fugi, mas não sei para onde ir. Cena 4 Venha, amigo _Disse o Burro. _Estou indo para Brêmen, vou ser músico por lá. Nós dois podemos formar uma boa dupla. Monte em minhas costas que levarei você comigo. O Cachorro, gostando da ideia, montou nas costas do Burro e continuaram o caminho rumo a Brêmen. Mais adiante, escutaram um barulho no meio do mato. Assustados, perguntaram, juntos: _Quem está ai? Cena 5 Do meio das árvores saiu um Gato, com uma cara muito triste. Aliviado, o Burro perguntou: _Que é isso, companheiro? Mas que cara é essa? Por que está assim tão tristonho e sem graça? _Ora, ora essa, é minha Dona que quer me afogar, porque não pego mais Ratos. Estou velho e não consigo persegui-los. Por isso fugi e nem sei para onde vou. _Venha conosco. Estamos indo para Brêmen. Lá vamos ser Músicos, e você pode fazer parte de nossa banda! Cena 6 O Gato logo se animou e disse que adorava fazer serenata. Subiu nas costas do Cachorro, e continuaram a viagem a caminho de Brêmen, quando... _Cocoricó! Cena 7 Era o cantar desesperado de uma Galinha, que estava empoleirada num cerca. O Burro foi logo dizendo: _Se soubesse, Senhor Burro, a minha triste sorte...Meu Dono resolveu que amanhã vai fazer canja de mim só porque jã não boto ovos do jeito que ele quer. Para nada sirvo. Ai...Ai...Ai... Burro: _Você tem bela voz, vamos para Brêmen, formaremos um grupo musical. Será um sucesso! Cena 8 Assim seguiram os quatro amigos rumo a Brêmen, cada um imaginando como poderia ser a cidade e o que iriam encontrar por lá. O Burro pensava em trabalho e respeito, o Cachorro em um suculento Bife e carinho de gente, o Gato num canto quente para dormir e a Galinha num bom prato de milho, e...nada de canja. Já era noite e eles estavam exaustos, quando, de repente, avistaram uma cabana no meio da floresta. Os quatro amigos, famintos, resolveram investigar o que havia por lá. _Quem sabe não há uma pequena espiga para matar a minha fome? _Disse a Galinha. Cena 9 Cada qual com seu desejo, seguiram em direção à cabana, pé ante pé...O Burro, que apesar de Burro era o mais esperto e alto, foi espiar pela janela e descobriu que na cabana encontrava-se um bando de ladrões, que haviam roubado na cidade. _O que você vê, amigo Burro? _Vejo um Bando de Ladrões se empanturrando de coisas gostosas. _Mas não pode, nós é que devemos comer - sentenciou o Gato. _Vamos arranjar um jeito de expulsá-los - disse o Burro. _Expulsá-los? Nós já somos velhos, o que poderemos fazer - Retrucou a Galinha. Cena 10 O Burro, como sempre, teve uma ideia: _O Cachorro sobe nas minhas costas, o Gato sobe nas costas do Cachorro e a Galinha sobe nas costas do Gato. Quando eu der o sinal, vamos gritar juntos com todas as nossas forças! Está bem? E todos concordaram, sem acreditar que aquilo poderia dar certo. E lá se foram eles: O Burro apoiou as patas na janela, com os três um nas costas do outro, e começou aquele barulhão...Zurros, Latidos, Cocoricós e Miados...Foi uma tremenda confusão. Os Ladrões, com medo, fugiram tão rápido quanto um raio. Cena 11 Cheios de si, os quatro amigos entraram e, à mesa, jantaram a comida que os ladrões deixaram. Depois, cada um procurou um lugar para descansar. O Gato deitou-se perto do fogão; a Galinha empoleirou-se na porta; o Cachorro preferiu ficar atrás da porta; e o Burro ajeitou-se num monte de capim na varanda da cabana. Cena 12 No meio do mato, ainda muito assustados, estavam os ladrões, preocupados com o que deixaram para trás. Quando perceberam que tudo havia se aquietado na cabana, resolveram que um deles deveria voltar lá para investigar. E assim foi feito. Quando o escolhido chegou à cabana, encontrou-a num silêncio absoluto. Foi até o fogão acender um fósforo em duas brasas que ele viu ainda fumegando, mas que na verdade eram os olhos do gato. O Gato acordou, deu um forte miado e avançou contra o ladrão, arranhando-lhe o rosto. O ladrão, sem rumo, esbarrou na porta onde estava a Galinha, que assustada, voou sobre a cabeça dele e bicou-lhe com toda a força, fazendo com que tropeçasse no cachorro. Cena 13 O Ladrão saiu desnorteado da cabana e ainda levou um bom coice do Burro. Voltou para o meio do mato mais assustado do que nunca e contou aos companheiros o que lhe acontecera: _Chefe, chefe! Há uma Feiticeira horrível lá! Quando entrei e fui acender o fósforo, ela veio gritando e me arranhou o rosto todo, depois me fincou a cabeça com uma lança afiada. Não contente, mordeu-me os calcanhares. Corri para a varanda, e lá um monstro terrível me deu porretadas nas costas, gritando: "Sai fora daqui, bandido idiota." Depois que ouviram tudo isso, os outros ladrões, com muito medo, resolveram sumir daqueles arredores. Cena 14 E os quatro amigos gostaram tanto do lugar que resolveram morar naquela casa e desistiram de ser músicos de Brêmen. Cada qual do seu jeito...cada um com sua mania.. Entrou por uma porta e saiu pela outra, e quem quiser que me conte outra...